O adulto e suas feridas da infância

Muitos dos comportamentos e situações disfuncionais da vida do adulto ocorrem por conta de ocasiões sensíveis vividas quando criança. Há de se pensar que por estas marcas emocionais terem acontecido em um passado distante, somente a criança viveu aquele sofrimento. Estas feridas, porém, ficam latentes também na fase adulta, caso elas não sejam elaboradas.

Na infância, o ser humano é muito frágil e sensível. Sua psique está em fase inicial de formação, ficando assim muito vulnerável aos acontecimentos desse período, principalmente ao que se diz respeito da relação com os pais. As feridas podem surgir através de repreensões disfuncionais, ou pela criança não ter tido espaço ou estímulos para se expressar, ter sido exposta a brigas familiares, divórcio dos pais ou não ter se sentido amada e valorizada de alguma forma. Tudo isso pode causar implicações profundas para a autoestima da criança e, futuramente, em seu estado adulto.

As feridas emocionais do passado infantil, quando não elaboradas, influenciam o comportamento do indivíduo na fase adulta, podendo atrair relacionamentos tóxicos e abusivos, disfunções no âmbito profissional, de amizades, na relação com os pais, com os filhos, entre outras. A autoestima é afetada profundamente por conta de crenças negativas inconscientes que ficaram registradas na infância, fazendo com que o indivíduo tenha sentimentos de inferioridade e culpa em suas relações, dificuldade em se posicionar, em dizer “não”, dentre muitos outros comportamentos que comprometem sua integridade emocional.

Através da psicanálise é possível elaborar as feridas da fase infantil, fazendo com que o adulto tenha um comportamento mais assertivo e seguro, desenvolvendo melhor sua autoestima, elaborando as crenças limitantes que foram estruturadas no decorrer da vida e, assim, atraindo para si relações mais saudáveis. A psicanálise é um processo de cura interior, da criança ferida, no adulto.